Coluna Tribuna Livre Jornal A Tribuna Dr Gustavo Mello
Cirurgia plástica e o mito da idade ideal
Quando se trata de cirurgia plástica, é muito mais importante falar da real necessidade, em detrimento da idade adequada. Não existe idade certa ou errada para se submeter a um procedimento cirúrgico de ordem estética. Existem, sim, motivos adequados e condições favoráveis, que devem sempre ser levados em consideração, independentemente da faixa etária do paciente.
Submeter uma paciente de 15 anos que está alguns quilos acima do peso a uma lipoaspiração, por
exemplo, é tão inadequado quanto realizar um implante de silicone em uma mulher que tem medo de uma cirurgia, mas vai passar pelo procedimento a pedido do companheiro.
Ao contrário, é extremamente indicado fazer uma cirurgia para corrigir orelha de abano em uma
criança de oito anos que sofre bullying e submeter a uma plástica uma mulher que, após a gestação, ficou com excesso de pele no abdômen.
Após avaliar os motivos que levam os pacientes,
sejam adolescentes ou adultos, a optar por uma cirurgia plástica, é preciso, antes de qualquer
procedimento, fazer uma avaliação clínica adequada, para saber se as condições são favoráveis à realização da cirurgia, para que sejam identificados e corrigidos quaisquer problemas que possam colocar
em risco o sucesso do procedime n t o.
A relação entre idade e cirurgia plástica vem à tona, geralmente,devido ao aumento da procura dos adolescentes por esse tipo de solução estética.
As cirurgias mais requisitadas por eles são a rinoplastia (plástica de nariz), a otoplastia (plástica
de orelhas em abano) e as cirurgias de mama, para aumento ou redução nas meninas e, nos meninos, para retirada de mamas femininas (ginecomastia).
O fato é que a idade não é, definitivamente, determinante para uma cirurgia. Ela define, sim, o
modo como o paciente deve ser tratado. No caso dos adolescentes, é preciso ter cuidado quanto
à indicação de procedimento,pois nem sempre eles têm bom entendimento do problema.
Qualquer atendimento pré- operatório para essa faixa etária deve ser o mais criterioso possível, com o máximo de detalhamento das condições técnicas,
mostrando todas as interfaces do problema e até solicitando a eles e aos pais que retornem para outras consultas.
Os adolescentes costumam se preocupar com o período pósoperatório. O repouso parece, para eles, prolongado demais. Além disso, não são raros pacientes que querem uma cirurgia porque
possuem uma visão distorcida da própria imagem.
O cirurgião plástico atua, nesses casos, como psicólogo com bisturi nas mãos, já que, frequentemente, há questões emocionais e psíquicas envolvidas. Não há contraindicação para cirurgias plásticas em adolescentes.
Eles precisam, sim, de um profissional que entenda as particularidades que a idade impõe e necessitam do apoio dos pais.
É fundamental, entretanto, cuidar para que esse apoio não se confunda com a tomada de decisões. Isso porque há casos em que parte dos pais a iniciativa de
fazer a cirurgia. E, apesar do grau de importância que possuem na vida dos filhos, não cabe a eles decidir sobre isso.
Observados todos esses aspectos, o importante é ter adolescentes satisfeitos com a aparência e
seguros emocionalmente, que tenham mais chances de, no futuro,serem adultos de sucesso e bem
re s o l v i d o s.
Gustavo Mello é cirurgião plástico